Cultura
Multipalco: Viagem ao centro da arte

Música & Mercado foi ao centro da capital gaúcha visitar a história cultural do Rio Grande do Sul em uma espécie de Viagem ao Centro da Terra.
A viagem começa na principal praça da cidade, e vai descendo rumo ao futuro, em patamares onde instalações de muito bom gosto e funcionalidade abrigam a Dança, a Música e o Teatro, em suas imediatas múltiplas interações artístico-culturais.
Durante a visita, e com o quê se depara, é fácil perceber que temos assunto para mais de um artigo. Estive diante de um projeto que nasceu, cresce e permanece em evolução, e que promete quebrar hegemonias culturais, da mesma forma que quebrou uma pedreira no seu subsolo, abrindo alas nacionais e internacionais para a Arte e Cultura na sua melhor forma.
A revolução artística de Dona Eva
O Theatro São Pedro é um ícone cultural de Porto Alegre, nascido em 27 de junho de 1858, quando apenas 20 mil gaúchos habitavam o município. Sua construção em estilo neoclássico precisou esperar o final da Revolução Farroupilha para sua inauguração. O senador Carlos Barbosa foi o primeiro político a propor a sua demolição meio século depois. Pra quê cultura?
Durante a segunda guerra mundial se dividia entre óperas européias e cursos de enfermagem, afinal, pra quê serviria sua acústica impecável? A duras penas, foi sobrevivendo com manutenção problemática, até ser fechado em 1973, quem sabe uma consequência do golpe político de 1964? Seria reaberto reconstituído em 28 de junho de 1984. Por quê?
Porque então surgiu em cena dentro e fora do São Pedro uma figura lendária, que atendia pelo carinhoso nome de Dona Eva, que conheci quando morei em Porto Alegre pela primeira vez, de 1998 a 2003. Eva Sopher literalmente batalhou pela reforma, sofrendo inclusive golpes para afastá-la do cargo como o de 1991, impedido por artistas como Gerald Thomas e Bete Coelho.
Em fevereiro de 2018 Dona Eva deixou o palco da vida, não sem antes ter iniciado uma segunda grande batalha cultural, a construção do complexo Multipalco, com os seus primeiros espaços, como a Praça Multipalco, que liga a Praça da Matriz, a Concha Acústica, o Arquivo Público e a Assembléia Legislativa. Seria a política se somando às Artes e à Cultura?
O Multipalco terá sua estrutura completada entre 2024 e 2025, com a conclusão do Teatro Italiano, para 630 espectadores, contra os 650 do primogênito. As obras seguem com a calmaria das grandes obras culturais, capazes de mudar a história humana, assim como a Arte e a Cultura ao longo dos séculos, e Dona Eva, ao longo de seus 94 anos de vida.
As 7 notas de uma escala cultural
Compreendendo praticamente 7 andares, o complexo Multipalco, partindo do patamar do Theatro São Pedro na Praça da Matriz e descendo, se divide em:
- 5 – Praça da Matriz / Theatro São Pedro
- 4 – Praça Multipalco / Concha Acústica / Restaurante
- 3 – Administração / Sala da Música / Sala de Oficina / Oficina Sol Maior 2 – Salas de Ensaio / Sala da Dança
- 1 – Foyer Multipalco / Teatro Oficina Olga Reverbel
- Subsolos 1, 2 e 3 – Estacionamento
A Praça Multipalco foi a primeira altura dos espaços, que vão se tornando realidade ao longo do tempo, com a calma intensidade do timbre de Dona Eva. O Centro Cultural de Formação e a Sala da Música já haviam sido inaugurados. Em março de 2023 tornou-se realidade o Teatro Oficina Olga Reverbel, 120 lugares, em homenagem à famosa autora e professora de teatro.
A Sala da Música compreende 4 salas, Musicoteca e outras dependências, com paredes em madeira espanhola e cortinas acústicas. Ali habitam a Orquestra Theatro São Pedro, há 36 anos em atividade, e a Orquestra Jovem Theatro São Pedro, hoje sob a batuta do maestro Evandro Matté, que me recebeu para uma conversa em espaço ao lado da Administração do Multipalco.
No mesmo andar está o Centro Cultural de Formação, com 5 salas, a principal para workshops e oficinas, e mais 4 para aulas de instrumentos musicais, eruditos e populares, além de coral e oficinas vocais. Ali rola musicalização de crianças e jovens, parceria da Associação Sol Maior com a Fundação Theatro São Pedro.
Em outro pavimento ficam a Sala da Dança, construída com piso especial formado por pequenas borrachas amortecedoras sob a madeira, e ao seu lado fica a Sala do Circo, com o mesmo piso especial, mas em 3 alturas, sendo 2 com o teto mais baixo e uma com o pé direito alto e alças no teto, para a fixação dos indispensáveis trapézios.
Na base de tudo está o Teatro Italiano, em obras, e a mesma capacidade de 630 espectadores do Theatro São Pedro, mas com melhoramentos como o alçapão de serviço três vezes maior. Isso permitirá a colocação em cena de grandes objetos, necessários para que a criatividade de cenógrafos, autores, artistas, estudantes e suas grandes ideias não sofram impedimentos.
Cultura
Iniciativa inspirada em Villa-Lobos leva concertos gratuitos a escolas públicas de SP
Brasil de Tuhu une educação, cultura e inclusão; em agosto, passa por cidades da Grande São Paulo e interior.
A musicalização como ferramenta de formação cidadã é o foco do Brasil de Tuhu, projeto que há 17 anos aproxima crianças da música de concerto em redes públicas de ensino. Inspirada no legado de Heitor Villa-Lobos, a iniciativa já impactou mais de 77 mil crianças em 13 estados e, em 2025, realiza uma nova etapa em 17 escolas públicas de nove cidades paulistas, ao longo de agosto e novembro.
As ações chegam a Barueri, Mogi das Cruzes, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Campinas, Guarulhos, Franco da Rocha, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo, com uma programação pensada para estimular o aprendizado por meio da arte. “Queremos contribuir para um ambiente escolar mais criativo, acessível e acolhedor. A música tem esse poder de ampliar repertórios, gerar vínculos e fortalecer o desenvolvimento das crianças”, afirma Paula Sued, sócia e diretora de produção da Baluarte.
Música, teatro e educação integradas
Os concertos didáticos são protagonizados pelo Quarteto Brasil de Tuhu, sob direção pedagógica da violinista Carla Rincón, e contam com a participação da atriz e artista brincante Verônica Bonfim. O roteiro lúdico e envolvente é assinado por Tim Rescala, compositor e autor teatral. Em formato interativo, as crianças aprendem ritmo, melodia e harmonia, conhecem os instrumentos de cordas e se aproximam da linguagem erudita de forma acessível.
“Vemos crianças ouvindo pela primeira vez um quarteto de cordas, conhecendo Villa-Lobos, despertando para uma nova escuta”, destaca Carla Rincón, primeira violinista do quarteto e diretora pedagógica do programa.
Impacto social e formação de educadores
Além dos concertos, o Brasil de Tuhu disponibiliza conteúdos educativos e atividades complementares para docentes, fortalecendo a prática musical nas escolas após as apresentações. Mais de 1.300 educadores já participaram das formações, que em 2025 ampliam as abordagens para inclusão de crianças com deficiência intelectual.
Nesta edição, a Vivência Musical gratuita para professores acontece em Franco da Rocha, em 27 de agosto. A proposta utiliza objetos do cotidiano (baldes, panelas, cumbucas, colheres de pau) junto a instrumentos para estimular expressão, jogos rítmicos e repertório pedagógico adaptável a diferentes contextos.
“Este é o sonho coletivo de musicalizar o Brasil, o mesmo que inspirou Villa-Lobos e que hoje inspira a nossa missão”, reforça Paula Sued.
O Brasil de Tuhu é realizado pela Baluarte, com patrocínio da GLP, copatrocínio do Grupo Priner e apoio do Grupo Farol, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura do Governo Federal.
Foto: Lucas Castroviejo
Cultura
Teatro Opus Città anuncia inauguração com atrações nacionais e internacionais
Espaço cultural na Barra da Tijuca funcionará em soft opening ao longo de 2025 e terá capacidade para até 3 mil pessoas.
O Rio de Janeiro ganhará um novo ponto de encontro para os amantes das artes e do entretenimento. O Teatro Opus Città, situado na Barra da Tijuca, confirmou sua inauguração para os próximos meses, operando inicialmente em formato soft opening. A proposta é testar e aperfeiçoar operações enquanto oferece ao público uma programação diversa, que contempla shows, peças teatrais, festivais, stand-ups e eventos corporativos.
A estreia da programação já tem data marcada: no dia 8 de agosto, o espetáculo “Tons de Comédia” reúne os humoristas Hugo Sousa, Gilmário Vemba e Murilo Couto. No dia 15, o humor internacional entra em cena com Morgan Jay, seguido pelas apresentações de Bruna Louise (16 e 17 de agosto) e Thiago Ventura, que encerra o mês no dia 31.
Os ingressos começam a ser vendidos no dia 24 de abril pela plataforma Uhuu.com e na bilheteria física do teatro, localizada na Avenida das Américas, 700. O atendimento acontece de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. O espaço é acessível para cadeirantes e pessoas com necessidades especiais e oferece estacionamento com mais de três mil vagas. Para quem prefere transporte público, a estação Jardim Oceânico do metrô está a poucos metros de distância.
Com 4.343,90 metros quadrados distribuídos em três andares, o Teatro Opus Città possui estrutura versátil, com plateia adaptável, frisas, camarotes e balcão. A configuração permite desde espetáculos intimistas até grandes produções, com capacidade total de até 3 mil espectadores. O projeto arquitetônico privilegia a visibilidade de todos os ângulos da casa.
O novo teatro será administrado pela Opus Entretenimento, considerada a maior plataforma de shows e eventos ao vivo do Brasil. A empresa já é responsável pela gestão de outros oito espaços culturais em diferentes estados, e promete repetir no Rio de Janeiro o sucesso de sua operação em teatros e arenas pelo País.
Cultura
Harmonias Paulistas: Série documental exalta grandes instrumentistas de SP e homenageia Tom Jobim
A música instrumental paulista ganha um novo espaço com a estreia da série Harmonias Paulistas, produzida pela Borandá Produções e disponível no canal da produtora no YouTube.
Com seis episódios inéditos, a série será exibida semanalmente até 26 de março, sempre às quartas-feiras, destacando alguns dos mais relevantes instrumentistas do estado de São Paulo.
Gravada entre agosto e novembro de 2024, a produção é conduzida pelo jornalista e crítico musical Carlos Calado, com direção artística de Gisella Gonçalves, idealizadora do projeto. A proposta é trazer à tona histórias marcantes e pouco conhecidas de músicos que construíram trajetórias fundamentais para a música brasileira.
Entre os protagonistas estão nomes de destaque como Paulo Bellinati (violão), Toninho Ferragutti (acordeom), Heloísa Fernandes (piano), Alexandre Ribeiro (clarinete), Roberta Valente (pandeiro) e Adriana Holtz (violoncelo).
Uma homenagem a Tom Jobim e à diversidade da música paulista
A série explora a versatilidade e a pluralidade da música instrumental paulista, transitando por gêneros como o choro tradicional, música erudita, jazz, forró e música caipira de raiz. Ao final de cada episódio, o público poderá assistir a uma performance exclusiva em estúdio com uma obra de Tom Jobim, homenageado da série. “A música de Tom atravessa todas as fronteiras e as interpretações feitas por esses grandes músicos foram emocionantes”, comenta Gisella Gonçalves.
Locais simbólicos e histórias de vida
Cada episódio foi gravado em espaços que guardam relação afetiva ou histórica com os artistas. Entre eles estão o Ó do Borogodó, tradicional reduto do samba e do choro em São Paulo, a Sala do Conservatório, o Parque da Água Branca e a Escola de Música do Sesc Consolação.
“É como abrir um baú de memórias preciosas, onde cada artista compartilha conosco não apenas sua música, mas também momentos decisivos que moldaram sua carreira”, afirma Gisella.
Compromisso com a acessibilidade
Harmonias Paulistas conta com interpretação em Libras, closed caption e legendas em inglês, ampliando o alcance do projeto no Brasil e no exterior.
A série foi viabilizada por meio do Edital 14/2023 da Lei Paulo Gustavo e tem apresentação do Ministério da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo e da Borandá Produções.
Os episódios podem ser assistidos gratuitamente no canal da Borandá Produções no YouTube.
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