Music Business
Organograma de artista: 3 pilares superessenciais

Veja aqui algumas dicas para organizar sua carreira no mercado musical. Ter um organograma é superessencial!
Costumo falar que esse tipo de informação é APR: Atualização e Performance com Resultados. Um celular, por exemplo, você o deixa ali à noite, ele atualiza para performar melhor. Então essas informações eu costumo passar para o artista justamente para isso: para que ele tenha uma outra visão, organize as informações para trabalhar melhor, começar a ter mais resultados na carreira.
Dividi essas informações em três pilares, para podermos verificar e termos melhor entendimento. São eles:
1. Bases/Fundamentos: o nome já diz muito; é preparação crucial para sustentação.
2. Desenvolvimento Artístico: recomendo enorme atenção, foco e energia.
3. Marketing: estratégias, saber colocar o material para o mundo ver.
A partir de agora falo um pouco mais de cada um deles. Vamos lá!
1. Bases/Fundamentos
Esse primeiro pilar é realmente o alicerce que o artista precisa ter para começar a viver de música corretamente.
Outro dia eu estava conversando com um rapaz e ele me falou:
“Cara, tô tentando subir uma música aqui numa plataforma e não tô conseguindo upar, tá dando erro e tal.”
Perguntei: “Você gerou ISRC?”
É um código que padroniza aquela música gravada, que passa a se chamar fonograma. Então em qualquer lugar que essa música seja executada consegue-se identificar sua origem, de quem é, etc., para se fazer o recolhimento de direitos autorais, entre outras coisas. E ele não fez, estava deixando gerar automaticamente pela distribuidora. Expliquei por que ele não devia deixar acontecer assim e por que seria melhor ele gerar o dele, que, por mais que demorasse um tempinho a mais para lançar a música, ia ser melhor, porque ele poderia rentabilizar.
Isso costumo falar nesse pilar, que são as bases para você começar a trabalhar corretamente. Você já não deixa de arrecadar dinheiro nessa parte, caso a sua música performe.
1.1. Decisão
Nas bases para você começar a viver de música corretamente o ponto mais importante é a decisão.
Quando trabalho esse ponto com os artistas, costumo botar bastante tempo e atenção, porque sei que se a pessoa tem vontade de trabalhar com música ou quer realizar um projeto, um desejo, mas não toma a decisão, dificilmente vai dar certo.
Por exemplo, eu fumava e falava que precisava parar de fumar e realmente o cigarro começou a me fazer mal. Então, mais que falar, tive que decidir parar de fumar. Quando me perguntam, respondo: “PORQUE EU DECIDI.” Pessoalmente, tenho compromisso muito sério com uma decisão, porque a decisão é um elemento que pode realmente mudar dentro de uma pessoa.
Na prática a decisão se mostra principalmente de duas formas:
1- Quando o artista realmente se dedica às atividades relacionadas à sua arte, quando tira tempo diário, em meio a outras atividades profissionais. Aliás, quanto tempo você está colocando ou pode colocar na sua carreira?
2- Quando os desafios aparecem (e eles sempre são muitos e fortes), o artista não recua, permanece firme em seu propósito e dele tira forças para continuar, e arruma formas de se aperfeiçoar e realizar suas metas, porque decidiu que esse é o seu caminho, que é isso que lhe proporciona realização.
Já vi pessoas fazendo uma série de coisas e esforços para poder se dedicar a música realmente 100%. Se você não toma essa decisão, a carreira não vai andar. Então a primeira coisa que a pessoa tem que fazer é tomar uma decisão.
1.2. Metas e objetivos
A definição de metas e objetivos é outro ponto de grande atenção. Já diz o ditado que para quem não sabe onde quer chegar qualquer vento leva. Então para ser artista é bom ter claro, visualizar o que se quer e colocar no papel, para buscar realizar.
Costumo usar a meta como o lugar maior onde você quer chegar. Veja este exemplo de um artista atendido:
“Viver de música mas por ter reconhecimento artístico, principalmente com a minha voz. Quero que cada pessoa escute minhas músicas e diga ‘nossa! canta muito!’. Quero emocionar profundamente as pessoas com composições e interpretações magníficas, gerar milhões de visualizações e plays e ter shows lotados, e ter fãs, e não seguidores.”
Depois de estipulada essa meta, você define os objetivos para alcançá-la. Exemplos:
- Estudar canto para melhorar o quesito voz.
- Tocar instrumento musical, estudar, aprender, especificamente piano e violão.
- Desenvolver habilidade de composição, ótimas composições.
Tem pessoas que têm “sonhos” e vão atrás e conquistam e está perfeito. Mas se você não estipula uma meta e para ela cada um dos objetivos, fica muito difícil de você desenvolver e desempenhar bem, você não sabe por onde você vai.
1.3. Capital
Aquela velha história, o capital.
Geralmente quando um artista ou projeto me procura para trabalhar, como consultor faço algumas perguntas básicas. Uma bem importante é:
“Qual a faixa de investimento que você tem para o ano, para o semestre?”
Alguns falam “Eu tenho X, mas estamos trabalhando para ter tanto”, mas é minoria. Muitas pessoas e muitos projetos falam “Cara, não sei” e nem pararam para pensar se vão precisar de dinheiro, quanto vai ser.
Para a maioria das coisas na música precisa-se de dinheiro. Não estou falando que você precisa arrumar dinheiro do nada, não é isso. Mas você tem que considerar que você precisa de dinheiro se você não tem perspectiva de ter uma gravadora agora que vai investir de verdade na sua carreira, se você não tem possibilidade de encontrar um investidor, se você tem só você e seu talento, sua vontade de fazer. O que você tem que fazer é ter criatividade, iniciativa e encontrar formas de conseguir recursos para aplicar na sua carreira.
Trabalho com vários artistas que não têm investidor, que não têm gravadora e não têm uma família apoiando e conseguem dar alguns passos na carreira, e passos consideráveis.
1.4. Planejamento financeiro
No quesito dinheiro, você precisa ser muito disciplinado e organizado para criar e conduzir um planejamento financeiro. Você não pode misturar as finanças pessoais com as finanças do seu projeto. Você tem que ter disciplina porque o planejamento financeiro do seu projeto musical é de suma importância para sua carreira acontecer. Se você não é especialista, se você não sabe fazer, faça um curso de estratégia financeira, faça o que for necessário.
1.5. Planejamento estratégico
A estratégia é muito importante, porque ela vai fazer com que você tenha uma visão de realização, lidar melhor com imprevistos, detectar oportunidades. Ela vai fazer você não ficar parado, você vai entender quando você não está produzindo, quando você está produzindo, ou então aquela falsa sensação de produtividade, que você está fazendo alguma coisa mas que não está resultando em nada. Isso é uma armadilha. Então o planejamento estratégico ajuda bastante a saber das necessidades e passos do projeto e a deixar você com foco na realização.
Então essas são as bases para você começar a viver corretamente de música:
- Você decide.
- Estabelece as metas e seus objetivos.
- Consegue um capital ou faz um plano para fazer/encontrar capital para investir no projeto.
- Você tem que ter um planejamento financeiro.
- E fazer um planejamento estratégico — nele você põe etapas, processos, cronogramas, datas para você chegar na sua meta, senão você fica rodando, correndo numa rodinha para sempre.
2. Desenvolvimento Artístico
Neste pilar ponho toda a minha energia e atenção. E recomendo a todo mundo que faça o mesmo. Falo assim:
“Se você tiver que escolher uma coisa só para focar na sua carreira, tem que ser nesse pilar aqui, que é o desenvolvimento artístico.”
É onde está o maior segredo, o maior desafio, é por onde você vai conseguir realmente obter os seus resultados na carreira.
2.1. Conceito/posicionamento
A primeira coisa que a gente faz nesse ponto é encontrar o posicionamento, o conceito artístico do projeto.
Mas isso é extremamente subjetivo. Sempre uso um exemplo lúdico, do cavalo lindo. Todo mundo está falando do mesmo assunto, um cavalo lindo, mas na cabeça de cada um se formou uma imagem. Nesse momento podem acontecer algumas divergências, por exemplo: “Galera, vamos tocar o cavalo lindo.” O batera está imaginando um cavalo preto, o vocalista um cavalo branco, o produtor musical outro cavalo, o diretor de marketing na gravadora está imaginando outro tipo de cavalo. Então existe esse fator da subjetividade, mas quando todos têm um único cavalo lindo na cabeça é aí que a gente tem o fenômeno de conexão. Porque acontece o alinhamento musical em toda a equipe, e tem o público que está enxergando a mesma coisa, e aí é onde dá a liga.
Esse ponto precisa estar muito bem resolvido. Só que nem sempre é fácil e rápido. Tem pessoas e projetos que chegam com o conceito pronto, bem desenvolvido, tem músicas que já nascem prontinhas, que geram essa conexão pelo mundo, quando se enxerga o “mesmo cavalo”. Mas tem outros que não, a gente vai progredindo, a gente vai desenvolvendo.
2.2. Repertório
No desenvolvimento artístico um ponto extremamente importante é o repertório. Quando falo repertório não é exatamente o melhor setlist que a pessoa vai tocar no show; repertório é quando o artista, o produtor (musical, artístico) têm aquele volume de músicas, 10, 20, 30 ou 50 músicas, que eles vão escolher 5, vão escolher 6, vão escolher 10, vão entrar no estúdio e produzir. Essa é a matéria-prima!
Aqui nesse ponto é onde você realmente vai conseguir viver de música: você lançou uma música, ela teve conexão e aceitação da massa, do público, você vai ter retorno, você vai ter plays e views, você vai captar a atenção das pessoas, uma relação de fãs, e não somente seguidores. Seu telefone vai começar a tocar para você fazer show, para você fazer uma participação. Meios de comunicação vão se interessar e vão querer fazer uma pauta sobre o seu trabalho. Aí o projeto passa a ter outra conotação, você tem outro esforço.
Por isso falo que é muito importante a gente colocar atenção nesse ponto. Se o seu conceito, seu posicionamento está bem definido, o seu repertório, o volume de repertório está bem definido, você vai ter mais resultados. Você vai saber o que você tem que compor, você vai entender quais são os temas que você tem que falar, como você vai falar.
Pela minha observação e prática, quando esses pontos estão bem resolvidos a inspiração vem mais fácil. Por isso que a gente vê alguns projetos que lançam uma música e anda e bomba, aí o cara lança outra e anda e bomba. É por isso, é porque ele já entendeu o funcionamento, ele já se achou artisticamente. É uma coisa que vai fluindo.
Mas isso é uma construção, não dá para ser imediato. E cuidado ao se comparar com outros artistas: “Fulano lançou e de primeira andou.” Você está fazendo mal para sua cabeça e mal para seu projeto. Entenda que é sempre uma construção e é muito provável que você crie 20, 30 músicas para acertar uma. No início vai energia, vai tempo e dinheiro, mas é assim que funciona.
2.3. Critérios para escolha da produção musical
Repertório resolvido, o próximo passo é ter critérios para escolher a produção musical. É muito importante você escolher aquele produtor musical que entende a sua sonoridade, que entende o seu posicionamento, o seu conceito.
Quando você escolhe corretamente o produtor musical, juntos vocês vão ter um resultado muito melhor. Então não é uma escolha que você deva fazer pelo tamanho da sala do estúdio, pela ostentação dos equipamentos, até porque muito mais do que a questão técnica, funcionalidade e afins, você precisa de um profissional que vai te ajudar no artístico, com uma produção musical artística, que vai fazer o seu som com peculiaridade, com um diferencial.
E isso vem de maneira orgânica, de você fazer uma boa escolha, de você ir construindo essa situação, de você ir errando e acertando. Seria bom se a gente acertasse logo de primeira, chutou para o gol, entrou, golaço. Mas não é assim.
Por isso o nome desse pilar é desenvolvimento artístico, porque ele é uma construção, é progressivo e para cima. Sempre vai melhorando:
- Começa com seu posicionamento e seu conceito.
- Vem o trabalho forte e consciente no repertório.
- Adiciona a boa produção musical.
3. Marketing
Marketing é essencialmente estratégias de lançamento, é você saber colocar o seu material musical para o mundo ver, para chegar nas pessoas da maneira mais correta possível.
O artista de hoje precisa estar muito ligado aos meios digitais para mostrar seu trabalho, conquistar e cativar fãs. A própria pandemia veio aí para nos mostrar o quanto o digital é e pode ser importante para todo mundo, e com os artistas da música não é diferente.
A presença digital precisa ser consistente, o conteúdo precisa ter periodicidade definida. O conteúdo, assim como tudo que você vai criar, precisa estar alinhado ao seu posicionamento artístico. Deve-se também ter bons critérios para um bom design, algo bonito, bem apresentável, profissional. Tudo para que gere a conexão com o público que você espera.
Na questão dos lançamentos, é necessário saber que existe todo um trabalho de planejamento antes, a execução em si, e também um trabalho depois. E que as redes sociais são um ingrediente fundamental nesse processo, com trabalho de aquecimento, teasers, manter-se presente com fãs, lives, postagens, respostas e tudo mais.
Não é tudo por um like. Não é ter seguidores. Não é comprar seguidores. Tudo isso não rola. Quando você está bem posicionado, o seu trabalho está bem definido, verdadeiro, você começa a angariar seguidores naturalmente, organicamente, convertendo-os em fãs.
Já tive oportunidade de fazer lançamentos que viralizaram, mas foi com essa premissa, foi com essa visão.
Quais são as melhores práticas em mídia social? Quais são os recursos e macetes para facilitar sua performance nos aplicativos de áudio e vídeo? Você tem que ser a primeira pessoa a entender como isso funciona. Eu soube que a Paula Toller fez curso, ela própria, para entender essa coisa toda, no Facebook, no Spotify… Ela não deixou só a cargo de equipe, de gravadora etc.
Outra coisa: saiu uma rede social que está funcionando, que está andando mais, olha, analisa, entende. Óbvio, se tem a ver com o seu conceito, se tem a ver com o seu público. Se sim, faça o melhor trabalho que você puder. Você tem que ser rápido, tem que estar antenado, para você ter essa essa presença digital e funcionando bem.
E recomendo muito que você estude, que você aprenda quais são as formas de fazer campanhas de impulsionamento, de divulgação na internet. Porque se você não pode ter alguém fazendo, você mesmo precisa fazer, para ter melhores resultados com seu material. O dinheiro suado com o qual você pagaria alguém para fazer isso já usa para produzir mais músicas, fazer clipes etc. Então essa parte de marketing recomendo fortemente você fazer um estudo, fazer uma autoinstrução e você mesmo fazer as suas campanhas.
Concluindo…
Se você seguir esses pilares, vai dar bons passos na sua carreira. Posso falar muito mais profundamente e sob demanda do seu caso. Então busque meus perfis sociais e acompanhe meus conteúdos e dicas. Vamos continuar, vamos trocar ideias, boas ideias!
Music Business
Ética no uso de vozes clonadas ou “deepfakes” na música
Direitos dos artistas, inovação tecnológica e o desafio da autenticidade no setor musical.
A tecnologia de clonagem de vozes e de geração de vocais por inteligência artificial está cada vez mais presente no universo musical. Softwares permitem imitar timbres, inflexões e estilos vocais de cantores, ou criar vozes totalmente novas a partir de poucos minutos de áudio.
Esse avanço abre possibilidades criativas, mas também levanta questões éticas e jurídicas significativas — especialmente quando a voz de um artista é utilizada sem consentimento ou quando o uso gera confusão sobre autoria. Neste artigo, analisamos o tema sob três perspectivas cruciais: o consentimento e os direitos do intérprete; a autenticidade e valor artístico; e os desdobramentos legais e regulatórios no Brasil e internacionalmente.
- Consentimento e direitos dos artistas
Um dos pilares éticos do uso de vozes clonadas na música é o consentimento informado. A voz humana é uma característica profundamente individual — um traço identitário que conecta o artista ao público. Portanto, quando uma voz é clonada ou alterada sem a autorização do titular, emergem riscos éticos e legais. Por exemplo:
- O direito de publicidade (“right of publicity”) protege a utilização comercial da voz, imagem ou nome de uma pessoa reconhecida.
- A tecnologia de clonagem vocal já foi utilizada em cenários fraudulentos: foi documentado que vozes falsas criadas por IA enganaram sistemas de segurança bancária.
- Há registro de que as leis de direitos autorais nem sempre acompanham o avanço da IA — por exemplo, o relatório da United States Copyright Office aponta lacunas quanto à proteção de vozes clonadas no setor musical.
Caso real
O single “Heart on My Sleeve” (2023) utilizou vozes produzidas por IA no estilo dos artistas Drake e The Weeknd. O uso culminou em ação pela gravadora Universal Music Group por suposta violação de direitos autorais.
Para respeitar os artistas e evitar exploração indevida, é fundamental que haja contratos específicos quando se utiliza voz clonada ou gerada por IA — com cláusulas que estabeleçam quem autoriza, em que contexto, e de que forma os ganhos e responsabilidades serão divididos.
- Autenticidade, valor artístico e impacto no público
Além dos direitos legais, há um debate ético maior: qual o valor da voz humana quando ela pode ser “clonada”? Será que o público percebe ou aceita essa substituição? E o que isso significa para o vínculo emocional entre cantor e ouvinte? Algumas considerações importantes:
- A autenticidade vocal influencia a percepção de “artista real” e “performance genuína”. Ferramentas de IA tendem a replicar estilos, mas podem falhar em capturar nuances emocionais ou contextuais que o intérprete humano traz.
- Há risco de diluição do valor artístico se vozes imitadas se tornarem comuns: obras produzidas em massa com vozes clonadas podem reduzir a distinção de “quem canta” e “quem foi ouvido”.
- Por outro lado, a tecnologia oferece oportunidades para experimentação — por exemplo, revive-se timbres de cantores falecidos (com autorização), ou criam-se colaborações “póstumas”. O problema ético aparece quando não há transparência sobre o uso de IA.
Caso real
O debate sobre “song covers” com vozes geradas por IA inclui a reflexão de comunidades online: “Não há como fazer cumprir qualquer lei que exija que o consentimento da pessoa imitada seja obtido antes que uma representação digital dela seja criada por inteligência artificial.”
Do ponto de vista jornalístico e de mercado, é importante que metais de credibilidade (por exemplo, selos, plataformas de streaming) indiquem quando uma voz foi gerada ou clonada por IA. A transparência preserva a relação de confiança com o ouvinte e evita erosão da arte vocal como diferencial competitivo.
- Panorama jurídico e regulatório
No âmbito do direito, o uso de vozes clonadas ou deepfakes na música atravessa múltiplas frentes: direitos autorais, direito de imagem/voz, contratos, licenciamento de IA. Alguns marcos relevantes:
- Um estudo apontou que o uso de tecnologias de clonagem vocal pode violar os direitos autorais tanto na fase de treinamento de IA (input) quanto na de produção de conteúdo (output).
- A lei americana do estado do Tennessee, chamada ELVIS Act (Ensuring Likeness, Image and Voice Security), é um dos primeiros marcos para proteger vozes clonadas sem autorização.
- Plataformas da música apontam que é necessário negociar licenças específicas para uso de vozes geradas por IA ou clonadas — sob pena de remoção ou sanções.
Panorama no Brasil e América Latina
Embora existam princípios gerais de direito autoral, direito de imagem e voz, a regulação específica sobre clonagem de voz por IA em música ainda está em formação. Revistas especializadas sugerem que o setor deve antecipar cláusulas contratuais que tratem de: autorização para IA, licenciamento da voz, divisão de receita, direito moral do artista, e indicação clara ao público.
Para o mercado latino-americano, inclusive o brasileiro, há urgência em:
- Adaptar contratos de gravação e edição para contemplar voz gerada por IA.
- Educar artistas, produtores e selos sobre riscos e obrigações.
- Acompanhar o desenvolvimento regulatório em outros países para aplicar boas práticas.
- Diretrizes para o uso ético na música
Com base nas análises acima, segue um conjunto de diretrizes práticas — úteis para profissionais da música, selos, produtores e jornalistas — para navegar de forma ética o uso de vozes clonadas ou deepfakes:
Obter consentimento claro e por escrito do titular da voz, especificando os usos permitidos (álbum, streaming, comercialização) e se será usada IA para modificá-la/cloná-la.
Transparência para o público: indicar nos créditos ou metadados quando a voz foi criada ou clonada por IA.
Negociar participação nos royalties, caso a voz clonada tenha caráter comercial.
Verificar licenciamento da tecnologia de IA: direito de uso, exclusividade, responsabilidades.
Preservar o valor artístico: evitar que substituições de intérpretes humanos por vozes clonadas erosionem a identidade do artista.
Atualizar contratos e políticas internas dos selos para considerar o cenário IA — inclusive cláusulas de “uso futuro” da voz.
Monitorar a jurisprudência e regulação: entender como leis locais e internacionais estão evoluindo.
Educar o público e a imprensa sobre o que é “voz clonada” — para evitar confusões e manter a confiança na produção musical.
O avanço das vozes clonadas e dos deepfakes abre uma nova fronteira na produção musical: por um lado, uma promessa de inovação; por outro, um conjunto de desafios éticos, artísticos e legais. Como aponta o site Kits.AI: “Uma das questões éticas mais fundamentais… é o consentimento. A voz é um dos atributos mais verdadeiramente únicos de um indivíduo.”
Para o setor musical — e para publicações especializadas como a Música & Mercado — torna-se fundamental não apenas acompanhar as inovações técnicas, mas também liderar o debate sobre como mantê-las alinhadas aos direitos dos artistas, à autenticidade da arte e à confiança do público. Em última instância, o sucesso dessas tecnologias dependerá da combinação entre criatividade, ética e clareza jurídica.
Agregadora/multiservice
Deezer alerta: 28% das músicas enviadas à plataforma já são geradas por IA
A Deezer está reforçando sua estratégia de transparência e exclusão de conteúdo sintético em playlists e recomendações.
A plataforma de streaming Deezer informou que mais de 28% das músicas que recebe diariamente são inteiramente geradas por inteligência artificial (IA). Esse número marca um crescimento acelerado em relação ao início do ano, quando o volume desse tipo de material representava 10% dos envios.
A Deezer implementa uma ferramenta de detecção capaz de identificar produções geradas por IA desde o início de 2025, tornando-se a única plataforma do setor a rotular explicitamente esse tipo de conteúdo.
Política de Exclusão
De acordo com a empresa, músicas produzidas inteiramente por IA não são incluídas em playlists editoriais ou recomendações algorítmicas, a fim de proteger a transparência e a distribuição justa dos royalties.
“Após um aumento significativo ao longo do ano, a música produzida por IA agora representa uma parcela significativa das entregas diárias de streaming, e queremos liderar o caminho para minimizar qualquer impacto negativo para artistas e fãs”, disse Alexis Lanternier, CEO da Deezer.
O executivo enfatizou que a medida visa prevenir fraudes — consideradas o principal fator por trás da entrega de conteúdo sintético —, ao mesmo tempo em que garante que os usuários tenham uma experiência clara e confiável.
Crescimento Acelerado
Os dados divulgados pela Deezer mostram a rapidez do fenômeno:
- Janeiro de 2025: 10% das músicas entregues foram geradas por IA.
- Abril de 2025: o número subiu para 18%.
- Setembro de 2025: a taxa atingiu o recorde de 28%.
Um desafio para a indústria
O caso destaca um dos debates mais acalorados do setor: como gerenciar o crescente volume de obras musicais criadas com inteligência artificial, equilibrando inovação, direitos autorais e a sustentabilidade econômica de artistas humanos.
Music Business
Deezer entra na lista das empresas mais confiáveis do mundo em 2025, segundo a Newsweek
Plataforma de streaming é a única representante do setor musical no ranking global elaborado em parceria com a Statista.
A Deezer foi reconhecida pela revista norte-americana Newsweek como uma das empresas mais confiáveis do mundo em 2025. O ranking, elaborado pela consultoria Statista, avaliou mil companhias de 20 países com base na opinião de mais de 65 mil pessoas, além de análises detalhadas de reputação em redes sociais.
A plataforma, fundada na França e com atuação global, foi listada na categoria Mídia e Entretenimento, ao lado de grandes nomes da indústria como Warner Music Group e Universal Music Group. No entanto, a Deezer se destaca como a única plataforma de música entre todas as selecionadas.
“Estou extremamente orgulhoso que a Deezer seja considerada uma das empresas mais confiáveis do mundo,” afirmou Alexis Lanternier, CEO da companhia. “Esse reconhecimento mostra que nosso compromisso com a transparência no negócio da música ressoa não apenas com nossos pares na indústria, mas também com os fãs em todo o mundo.”
Compromissos que geram confiança
A classificação da Deezer no ranking está alinhada com os esforços recentes da empresa em temas como remuneração justa para artistas, combate à fraude no streaming e investimento em tecnologia, como sua nova ferramenta de tagging por inteligência artificial.
Lanternier destaca que esses fatores têm colocado a Deezer em evidência no cenário internacional. “A combinação entre tecnologia de ponta e experiências musicais em escala global — tanto no aplicativo quanto em nossos eventos presenciais — foi essencial para essa conquista.”
Reconhecimento em contexto global
A presença da Deezer no ranking fortalece sua imagem em um momento de transformações na indústria do entretenimento digital, onde confiança e transparência ganham cada vez mais peso nas decisões do público e dos parceiros comerciais.
A lista completa das empresas mais confiáveis do mundo em 2025 e a metodologia da pesquisa estão disponíveis no site oficial da Newsweek.
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