Fábrica
Entrevista: Daniel Reis, sócio da Sennheiser no Brasil, “As pessoas querem festa, os artistas querem tocar”

Em meio ao início do retorno do setor de eventos, entrevistamos Daniel Reis, engenheiro de áudio e sócio da CMV.Sebr, country partner da Sennheiser no Brasil
Nem todos os profissionais que trabalham em empresas de áudio têm um passado relacionado ao mercado, e nem sempre têm experiência no uso dos equipamentos. Mas esse não é o caso de Daniel Reis, sócio-presidente da CMV.Sebr S/A, country partner da Sennheiser em nosso país.
Durante seus mais de 15 anos de estrada como técnico de monitor, passou a maior parte de seu tempo com o grupo baiano Asa de Águia, com quem seguiu até 2014, quando a banda decidiu se separar.
Ao longo de sua carreira, Reis participou da criação e montagem de diversos estúdios ao redor do País, incluindo seu primogênito, o estúdio Groove, em Salvador, montado em 2002.
Em paralelo, desenvolvia seu lado comercial prestando consultoria em venda de equipamentos, o que fez com que se aproximasse pouco a pouco da Sennheiser. Ele conta sua experiência nesta entrevista para a Música & Mercado.
M&M: Como começou sua trajetória no áudio?
Daniel Reis: Sempre fui apaixonado por música e tecnologia. Na primeira vez em que vi uma mesa de som, essas minhas duas paixões se uniram. Comecei trabalhando em estúdio, foram 15 anos — de 1999 a 2014 —, e assim acabei me tornando referência em uso de tecnologia de ponta nessa área no Brasil. Antigamente, não existiam redes sociais ou grandes ferramentas de pesquisa.
A principal forma de estudar sobre novas tecnologias era indo às feiras internacionais, e eu sempre ia a três ou quatro por ano e acabava trazendo essas informações para o Brasil. Eu costumava trazer uma mala só de catálogos com novas tecnologias que iriam chegar anos depois por aqui. Acabei virando um especialista e montei muitos estúdios como projetista e engenheiro de sistemas. Com essa expertise, as pessoas me procuravam como referência em novas tecnologias.
Daniel Reis, em visita à Sennheiser, na Alemanha
M&M: Quando você conheceu a Sennheiser e como começou a trabalhar com eles?
Daniel Reis: O movimento que estava fazendo em 2009 chamou a atenção e foi então que a Sennheiser — junto com o distribuidor da época — me fez o convite para ser um embaixador de engenharia da marca no Brasil. Comecei a sair nos catálogos da marca e em revistas nacionais como sendo um selo de aprovação para os produtos referência da Sennheiser.
À partir disso, conseguimos posicionar a Sennheiser no mercado profissional, pois até então eram só os produtos da linha de entrada, no segmento de MI (Music Industry). Com essa virada, o mercado de broadcast se fortaleceu e os grandes artistas começaram a ficar mais próximos da Sennheiser.
A Ivete Sangalo foi uma das primeiras a fazer essa mudança através do nosso relacionamento com os técnicos dela na época. Na capa do seu DVD do Madison Square Garden ela está com um microfone Sennheiser. Nossa relação foi crescendo com o tempo e comecei a responder pela engenharia da marca na América Latina.
Nessa época, fui muito para a Alemanha fazer cursos, participar de treinamentos e me especializei em coisas que ainda não haviam chegado ao Brasil. Foi então que virei parte de um time global de tecnologia sem fio e ganhei um título que apenas outros 14 engenheiros no mundo inteiro tinham, sendo eu o único da América Latina.
Em 2015, com a saída do distribuidor do Brasil, eu me propus a fazer um plano de negócios para a marca vir para o País sem um distribuidor. Foi uma estratégia arriscada e bem disruptiva para a época, mas aqui estamos nós, seis anos depois. Já em 2019, fui convidado pela Sennheiser para virar country partner, parceiro da marca no Brasil. Entrei com capital próprio e virei um sócio da Sennheiser na operação no País. Agora só faço a parte comercial. Sobrevivemos a uma pandemia, crescendo muito no nosso setor de produtos consumer.
M&M: Como é o trabalho da empresa?
Daniel Reis: Hoje temos a CMV.SeBr. A CMV era a minha empresa quando entrei como sócio e SeBR representa “Sennheiser no Brasil”. Temos um setup de country partner que poucos países têm no mundo — existe apenas em Portugal, na Espanha, Itália e África do Sul, que são territórios onde a Sennheiser não tem uma subsidiária.
A Sennheiser Latam, por exemplo, é bastante dependente da subsidiária dos Estados Unidos. Já no Brasil, somos independentes da estrutura latino-americana, e como um country partner, atendemos o mercado em diversas verticais, seja ela venda direta, seja via distribuidor.
Temos quatro frentes de negócios, sendo elas: Neumann; Business Communications, nossas soluções corporativas; Pro Audio, que engloba broadcast, shows ao vivo e lojas; e Consumer, que são os produtos focados no consumidor final. Então, existem diversos canais de venda, podendo ser direta para o consumidor, por meio do nosso site, direta para os lojistas ou por intermédio de distribuidores. Ao longo de seis anos, chegamos a um modelo que agrada todo mundo.
M&M: Como foi o período de 2020 na CMV.SeBr?
Daniel Reis: Foi um período em que a gente pôde respirar. Foi bom, pois estávamos vindo de um ritmo muito acelerado. Pudemos parar, respirar, nos reorganizar e focar um segmento que só fez adicionar e crescer nosso valor, que é o setor de consumer.
Foi um momento bem complicado na área de áudio profissional e Consumer nos segurou de pé e possibilitou que pudéssemos continuar os negócios da Sennheiser no Brasil. Posso dizer que acabamos tendo um desempenho até que positivo na pandemia. Estávamos muito à frente e bem preparados para o e-commerce, então, assim que a pandemia começou, conseguimos virar uma chave rápido para focar as vendas diretas pelo e-commerce.
Com o setor profissional parado e todas as lojas de rua fechadas, contratamos novos funcionários e demos muita atenção a essa linha que antes não era o nosso foco. Com essa mudança, quadruplicamos nossa participação no segmento de Consumer no mercado brasileiro, e sabemos que ainda existe muito espaço para crescer.
M&M: Tendo experiência tanto no lado técnico como no comercial, como você vê o mercado de áudio atual no Brasil?
Daniel Reis: Acho que o Brasil é um país que produz muita música própria, muito conteúdo, com uma mídia social fortíssima, e possui muitos artistas. Gostaríamos que o dólar estivesse melhor, que tivéssemos uma melhor situação logística global.
Muitas coisas poderiam estar em um cenário mais agradável. Mas, no fim, o mercado está maravilhoso, com muitos artistas, muita gente querendo voltar com os eventos presenciais. Quem fizer um trabalho bom, sempre vai achar um público para vender. Temos vendido bastante e a marca está cada vez mais forte no Brasil. Todos os lojistas e parceiros que compraram da Hayamax estão super satisfeitos, pois os produtos Sennheiser não ficam na prateleira.
Durante a pandemia, houve um crescimento grande de home studio, pois as pessoas começaram a produzir mais em suas casas. Quem estava preparado para vender on-line saiu na frente. Um ótimo exemplo disso é a Neumann, que viu suas vendas quadruplicarem nesse tempo.
É um momento muito delicado do mundo, mas o nosso mercado está em um movimento de retomada forte, estou vendo as coisas andando com mais velocidade. Passamos dois anos sem eventos. As pessoas querem festa, os artistas querem tocar.
M&M: Você falou da parceria com a Hayamax. Ela se encarrega dos lojistas?
Sim. Temos um super parceiro, que é a Hayamax. Uma empresa gigantesca que possuiu várias marcas próprias, mas que também distribui Yamaha e várias outras grandes marcas do mercado. Para nós, foi uma felicidade imensa a parceria que firmamos com o Ricardo Akira, sócio-administrador da empresa, que entendeu as necessidades da marca.
A Hayamax é uma grande empresa que atende mais de 4 mil lojas, então, para nós foi muito bom, nos trouxe uma capilaridade muito interessante.
Estamos muito satisfeitos e nossa parceria só cresce. Depois de muito tempo, a Sennheiser está posicionada para ter disponibilidade total para esse mercado. Os lojistas sabem onde comprar e são muito bem atendidos.
M&M: Como a CMV.Sebr dá apoio aos lojistas?
Daniel Reis: A Sennheiser passou muito tempo longe das prateleiras, então precisamos colocar a marca na cabeça dos vendedores, apresentar as qualidades e funcionalidades. Por isso, durante a pandemia montamos um estúdio que irá funcionar como uma sala virtual de treinamento para nos aproximarmos ainda mais dos lojistas e dar todo o suporte de que eles precisam para vender os nossos produtos.
M&M: O que você acha que vai acontecer no pós-pandemia?
Daniel Reis: Acreditamos que em 2022 muitas atividades que movimentam o mundo do áudio vão retornar com certa rapidez e força. Por isso, precisamos manter nossa forte posição no mercado de áudio profissional, e isso inclui shows ao vivo, grandes eventos, broadcast.
A venda do segmento de Consumer para a Sonova também vai trazer muitas novidades a partir do ano que vem. Posso adiantar que essa separação vai trazer muita coisa nova para o portfólio da marca.
Hoje fico superfeliz de ser responsável pelo mercado brasileiro e de fazer parte do time da direção da Sennheiser. Posso dizer que não participo apenas das discussões estratégicas do Brasil, mas em nível mundial, que influenciam o mundo todo.
O próximo passo para mim é expandir o território que está diretamente sob minha responsabilidade, que seria o Cone Sul. Já dando um spoiler, estamos em vias de começar esse projeto com o segmento de Consumer!
Daniel Reis: trabalho em estúdio e gestão da Sennheiser no Brasil. (Foto: Douglas Mendes)
Efeitos, Pedais e Acessórios
Fuhrmann rebate rumores sobre o fechamento da empresa
Influencer declarou que a fabricante de pedais havia encerrado suas atividades.
A disseminação de informações falsas, popularmente conhecidas como fake news, é um dos maiores desafios da era digital. A desinformação não apenas afeta pessoas, mas também pode gerar danos significativos para empresas, setores produtivos e até comunidades inteiras. Recentemente, a fabricante de pedais Fuhrmann enfrentou um exemplo desse fenômeno, quando informações incorretas foram divulgadas por um influenciador digital.
Em um vídeo publicado por Leo Godinho (removido por violar os Termos de Serviço do YouTube), dois modelos antigos de pedais da Fuhrmann foram avaliados, mas o conteúdo incluiu afirmações incorretas sobre a empresa. Entre as declarações, Godinho afirmou que “fontes semi-oficiais” teriam confirmado o encerramento das atividades da Fuhrmann no Brasil, sugerindo ainda que a marca estaria operando exclusivamente por meio de vendas online e, possivelmente, descontinuaria até mesmo essa operação.
Ao buscar esclarecimentos, o CEO da Fuhrmann, Jorge Fuhrmann, classificou o caso como “extremamente preocupante” e lamentou o impacto da desinformação nas redes sociais. Ele assegurou que a empresa está, na verdade, em plena atividade e preparando lançamentos para 2025. “Não faria sentido algum investir no desenvolvimento de novos produtos para, depois, encerrar as atividades”, afirmou.
Investimentos em tecnologia e produção local
Com sede em Penápolis, interior de São Paulo, a Fuhrmann mantém sua operação em uma fábrica de 650 m², onde produz cerca de 800 pedais por mês. Segundo a empresa, ao longo de seus 18 anos de atuação, tem investido consistentemente na qualificação de colaboradores, em novas tecnologias e em maquinário avançado para aprimorar processos.
Os pedais da nova linha são mais compactos e eficientes, equipados com componentes SMDs (Surface-Mount Devices) que são montados automaticamente, trazendo inovação e modernidade aos produtos da marca. Jorge Fuhrmann destacou ainda que a empresa não possui planos de terceirizar sua produção.
Combate à desinformação
Como medida para evitar episódios similares no futuro, a Fuhrmann anunciou a criação de uma seção especial em seu site voltada à imprensa, influenciadores e ao público em geral. O objetivo é divulgar notas oficiais e esclarecer dúvidas sobre a empresa e seus produtos, combatendo possíveis boatos antes que eles se espalhem.
O episódio reforça a importância de verificar informações antes de compartilhá-las, especialmente em um ambiente digital onde rumores podem ganhar grandes proporções rapidamente.
Cultura
Música transforma vidas de presos em projeto de ressocialização
A ressocialização de detentos no Brasil tem ganhado novas dimensões com projetos que unem capacitação profissional e arte.
Iniciativas como o Sons da Liberdade, no Acre, e o Baqueart, em Pernambuco, utilizam a fabricação de instrumentos musicais para proporcionar aos internos uma oportunidade de recomeçar suas vidas de maneira digna, oferecendo uma nova perspectiva de reintegração social e profissional. Além de promoverem o desenvolvimento de habilidades técnicas, esses projetos utilizam a música como ferramenta de transformação, criando oportunidades reais para os presos saírem do sistema penitenciário com novas chances no mercado de trabalho.
Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen)
No Acre, o projeto Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), se consolidou como uma referência nacional na ressocialização de detentos através da luthieria, a arte de fabricar instrumentos musicais. Desde maio de 2024, os reeducandos são capacitados a construir violões e guitarras de alta qualidade em uma oficina que proporciona 222 horas de aulas práticas e teóricas. O coordenador do projeto, Luiz da Mata, destaca que a iniciativa tem como objetivo oferecer aos detentos a chance de aprender uma nova profissão, preparando-os para o mercado de trabalho após o cumprimento de suas penas.
O reconhecimento da qualidade dos instrumentos fabricados pelos presos foi evidenciado durante a Expoacre 2024, onde os violões confeccionados na oficina chamaram a atenção de visitantes e músicos locais. “A madeira é de qualidade, e por ser feito por reeducandos, é algo muito interessante, muito gratificante”, comentou o músico Rafael Jones, que visitou o estande do Iapen durante o evento. Além do sucesso na Expoacre, o projeto Sons da Liberdade foi convidado para expor seus instrumentos na Conecta+ Música & Mercado, a maior feira de música da América Latina, um reconhecimento significativo da qualidade do trabalho realizado dentro do sistema penitenciário.
Jardel Costa, policial penal e instrutor de luthieria no Sons da Liberdade, enfatizou a satisfação dos detentos em ver seu trabalho sendo apreciado pela comunidade. “Eles têm ficado muito felizes, tanto com o instrumento pronto, quanto com o fruto do trabalho, também com as pessoas vindo ver o instrumento, tocar neles, ver que é um instrumento bom, de qualidade, que não perde em nada para um instrumento profissional”. Essa valorização do trabalho contribui diretamente para a autoestima dos reeducandos e reforça o potencial transformador da arte dentro do ambiente prisional.
Projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA)
Paralelamente, em Pernambuco, o projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), localizado em Canhotinho, também promove a reintegração social por meio da música. Desde agosto de 2024, os detentos participam de aulas teóricas e práticas de fabricação artesanal de instrumentos de percussão, como zabumbas, surdos e pandeiros. Segundo Paulo Paes, secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, o projeto busca oferecer uma formação técnica que permita aos internos sair do sistema penitenciário com condições de sustentar suas famílias e viver com dignidade.
Além da capacitação técnica, o projeto Baqueart se destaca pela abordagem ambientalmente sustentável, com a produção totalmente artesanal e manual, sem o uso de produtos químicos ou máquinas. Sérgio Reis, professor responsável pela formação dos internos, destacou a importância do método: “O processo é totalmente manual, respeitando o meio ambiente e ensinando uma nova forma de trabalho para os internos”.
A valorização do trabalho dos detentos no projeto Baqueart também é recompensada com remuneração e direito à remição de pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal. “O Baqueart faz parte de uma transformação maior no sistema penitenciário de Pernambuco, onde trabalho, renda e educação são pilares fundamentais”, afirmou Alexandre Felipe, superintendente de Trabalho e Ressocialização. A iniciativa tem sido vista como um modelo a ser seguido, com planos de expansão para outras unidades prisionais no estado.
Essas iniciativas de luthieria dentro do sistema prisional não apenas promovem a capacitação técnica dos detentos, mas também oferecem um meio de abstração e reabilitação emocional por meio da música. Para Daniel Neves, presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música), os projetos têm uma importância multifacetada: “A fabricação de instrumentos musicais pelos detentos atua em dois parâmetros: a criação de um ofício e a abstração que o instrumento proporciona. Foi louvável a atitude das diretorias de ambos sistemas penitenciários que trouxeram estas atividades aos detentos”.
Ao capacitar os internos para uma nova profissão e permitir que eles utilizem a música como forma de expressão e superação, os projetos Sons da Liberdade e Baqueart demonstram o potencial transformador da arte dentro do sistema penitenciário. Essas iniciativas oferecem aos detentos uma oportunidade real de reescreverem suas histórias e de retornarem à sociedade com dignidade e novas perspectivas de vida.
Empresas
Giannini: quais os próximos passos da recuperação judicial da mais tradicional fábrica de violão do Brasil?
Nesta última semana de julho, o jornal O Estado de São Paulo noticiou sobre o pedido de recuperação judicial da Giannini, a centenária fábrica brasileira de violões.
A Giannini, fabricante de instrumentos musicais com mais de 100 anos de história, entrou em recuperação judicial. Nos autos do processo, a empresa atribuiu a crise à pandemia de covid-19, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, que levou a marca a acumular dívidas acima de R$ 15,8 milhões.
De acordo com dados do Serasa Experian, pedidos de recuperação judicial aumentaram 71% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Especialistas apontam que o controle da inflação e do câmbio, a queda dos juros e a geração de empregos são fundamentais para interromper a tendência de endividamento.
Giannini solicita Recuperação Judicial
No processo, a Bacelar Advogados representou a empresa perante o Juiz de Direito de uma das Varas Regionais de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª e 10ª RAJ do Estado de São Paulo, elaborando um pedido liminar para a manutenção das atividades empresariais e requerendo a Recuperação Judicial da empresa.
O Juiz de Direito, Dr. José Guilherme Di Rienzo Marrey, nomeou a empresa Brasil Expert Análise Empresarial de Insolvência Ltda para realizar trabalhos técnicos preliminares na Giannini. Isso inclui verificar as condições reais de funcionamento da empresa, visitar a sede e filiais, certificar a regularidade das atividades, verificar a documentação apresentada e identificar interconexões e confusões entre ativos ou passivos das devedoras, além de detectar indícios de fraude e confirmar se os principais estabelecimentos estão na área de competência do juízo.
Relatório Preliminar
A empresa Brasil Expert realizou a perícia preliminar e relatou: “Após uma minuciosa análise da documentação apresentada pela Requerente, acrescida da diligência realizada, conclui-se que a solicitação de recuperação judicial está fundamentada em uma crise econômico-financeira real e substancial. Não foram identificados indícios de que a Requerente esteja utilizando o instituto da recuperação judicial de forma fraudulenta.”
O relatório continua: “O exame dos documentos e das informações financeiras revela uma queda no endividamento de curto prazo da Requerente, de R$ 39,73 milhões, no período entre dezembro de 2021 e maio de 2024. Já o endividamento de longo prazo apresentou um aumento significativo de R$ 395,92 milhões. Este crescimento no passivo reforça a evidência de uma crise financeira genuína e não uma manobra para uso indevido da recuperação judicial.”
Mercado se solidariza
O mercado da música se solidarizou com a Giannini. Roberto Guariglia, diretor da marca Contemporânea de percussão brasileira, manifestou-se em um grupo de fabricantes de instrumentos musicais: “Estamos na torcida para que vocês vençam mais este obstáculo que muitas indústrias brasileiras enfrentam. Que a presença da Giannini continue importante no cenário musical mundial!” Em outros grupos, as mensagens de solidariedade não pararam de chegar.
Em mensagem para a Música & Mercado, a ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música declarou: “O ambiente de negócios no Brasil tem suas intempéries e a Giannini é uma das raras empresas a ultrapassar 115 anos no país. Torcemos pela sua administração e fazemos votos para que o setor se reúna para proporcionar sustentação à empresa.”
Próximos Passos
Com o pedido de recuperação judicial deferido, a cobrança de dívidas fica suspensa por 180 dias, e um plano de reestruturação deve ser apresentado.
- Publicação da Decisão:
- A decisão será publicada no Diário Oficial e os credores serão notificados.
- Nomeação do Administrador Judicial:
- Um administrador judicial será nomeado para supervisionar o processo.
- Apresentação do Plano de Recuperação:
- A Giannini deve apresentar um plano detalhado em 60 dias.
- Assembleia Geral de Credores:
- Os credores discutirão e votarão o plano de recuperação judicial.
- Implementação do Plano:
- Após aprovação, o plano será implementado e supervisionado pelo administrador judicial.
- Monitoramento e Cumprimento:
- A empresa deve cumprir todas as condições e prazos estabelecidos.
- Encerramento do Processo:
- Se o plano for bem-sucedido, o juiz encerrará o processo de recuperação judicial.
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