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O plano da Tagima


A Tagima tem um plano mirabolante — e tudo indica que ele vai dar certo.

Decidida a retomar sua relevância no mercado da música, a empresa vem sendo conduzida, nos últimos três anos, sob a coordenação de Ney Nakamura e Leandro Campos. A missão é clara: tornar a Tagima a marca de instrumentos de cordas mais forte do Brasil.

Voltando um pouco no tempo, entre 2020 e 2021, em plena pandemia, uma das edições do TDT foi realizada na fábrica da empresa, em São Paulo. Ali, lojistas comentavam sobre as três enormes fotos de Ney espalhadas pelo local. Eram imagens de três por três metros — ou seja, nove metros quadrados cada. Num momento em que o então gerente Marco Vignoli estava prestes a deixar a empresa, a exibição da imagem de Ney não era só decoração. Era uma reafirmação de liderança.

O tempo passou, Marco saiu, e Leandro Campos — um dos gerentes comerciais mais preparados do mercado — assumiu o posto. Ney, que vinha passando boa parte do tempo fora do país, retorna ao Brasil. E a empresa entra numa nova fase.

Vale lembrar que, nesse período, a Tagima também passou a contar com profissionais que até então estavam empregados em outras companhias. Edilson Banzai, por exemplo, era gerente da concorrente PHX. Já Eber Policarte vinha atuando no desenvolvimento de diversas marcas do setor, entre elas a Seizi.

O TDT, que sempre foi uma das paixões de Ney, passa também por um processo de revigoramento — algo que vem sendo visível nos últimos anos. Em 2024, entre os expositores do evento, o comentário recorrente era a forma incisiva como o proprietário da Tagima estava conduzindo as decisões. Ficava claro que o TDT era, antes de qualquer coisa, um evento da Tagima. Mesmo expositores grandes, com forte investimento, viam seu espaço de decisão limitado.

O plano para 2025 também é claro: transformar o TDT MUSIC & EXPO no maior evento do mercado da música. A nova edição já tem data: de 27 a 30 de agosto, no Royal Palm Hall, em Campinas (SP). Os dias 27, 28 e 29 serão dedicados ao atendimento a lojistas. No dia 30, o evento será aberto ao público. E o tema escolhido diz muito: “Fábrica de Histórias”.

Conecta+2025

A estratégia também é conhecida. A marca principal é a Tagima — sempre. As outras marcas orbitam em torno dela, ajudam a financiar o evento, dão volume e diversidade à feira, mas o foco da narrativa é claro. Tudo o que gira ao redor ajuda a consolidar a imagem da Tagima como o centro do mercado.

De forma muito inteligente, a empresa vem se capitalizando com o dinheiro das outras empresas para montar seu próprio marketing e monitorar, através dos sorteios no TDT, o impacto das outras marcas e categorias de produtos no mercado. E com isso, não necessariamente assume a liderança em vendas, mas projeta sua marca acima das demais — e faz isso de forma extremamente eficaz.

Mais interessante ainda é que o mercado aceita. Afinal, o evento entrega resultado para quem quer atrair lojistas e fechar negócio. Funciona. Mas é, em grande parte, um pensamento de curto prazo.

Enquanto isso, a Tagima monta sua estratégia de curto, médio e longo prazo sobre os ombros dos gigantes que a apoiam. E, por enquanto, todo mundo parece confortável com essa dinâmica.

  • Eles estão errados? Não.
  • As empresas que participam estão erradas? Também não.

O fato é que o mercado se curva à inteligência de Ney Nakamura, que soube construir um evento onde marcas importantes ajudam a financiar o marketing da Tagima e Nagano. Agora, com boa parte do setor gravitacionalmente atraída, a marca que ensinou o mercado a fazer O&M no Brasil se prepara para voos maiores.

Bastidores internacional

O mercado conhece bem a reputação de Ney Nakamura. E a concorrência também. Nos bastidores, comenta-se que esse estilo de atuação não é exatamente recente. 
A Música & Mercado já recebeu relatos, vindos de fontes confiáveis, sobre tentativas da Tagima de bloquear o fornecimento de instrumentos a concorrentes. Segundo essas fontes, representantes da marca teriam ido diretamente às fábricas chinesas, oferecendo-se para adquirir toda a produção disponível, com o objetivo de impedir que determinados concorrentes tenham acesso aos produtos. A leitura entre empresários do setor é de que tais práticas, embora não ilegais, esbarram em uma ética de mercado que nem todos consideram aceitável.

Liderar concorrentes e apoiadores

No fim das contas, o que está em jogo não é apenas uma feira, uma marca ou uma estratégia. É a capacidade de entender o mercado e as pessoas como eles realmente funcionam — com influência, timing e capital. A Tagima entendeu. Os demais, por escolha ou por necessidade, seguem orbitando. E enquanto o setor discute os bastidores, Ney Nakamura continua à frente do palco, com holofote garantido e sem precisar dividir o centro da foto.

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