
Contra rumores e preferências regionais, a edição de 2025 prova que ainda há fôlego, propósito e inovação na tradicional feira alemã.
Confesso: embarquei para Frankfurt com uma dose de ceticismo. Sete anos longe da Prolight + Sound, ouvindo aqui e ali que “ninguém mais vai”, que “todo mundo prefere ir para a ISE, em Barcelona”, que “a Messe Frankfurt perdeu o protagonismo”. Aquelas frases que surgem no boca a boca, alimentadas por uma única experiência negativa e repetidas como se fossem consenso.
Mas bastaram algumas horas nos pavilhões para perceber que essas narrativas não se sustentam em 2025. A feira está viva, pulsante. E mais importante: ela ainda faz sentido — especialmente para quem leva inovação a sério e quer entender para onde caminha a indústria de eventos e entretenimento na Europa.



O valor da Prolight + Sound vai além da nostalgia
Celebrando 30 edições, a Prolight + Sound não tenta competir em volume com outras feiras. Em vez disso, aposta em profundidade: curadoria de conteúdo, conhecimento técnico e a possibilidade de ver — e testar — o que está sendo desenvolvido nas áreas de áudio, iluminação, vídeo, palco e efeitos.
Para os europeus, principalmente os do centro e norte, ela continua sendo referência. E para quem vem de fora buscando algo mais do que lançamentos, a experiência é transformadora: é onde se discute IA de verdade, onde sustentabilidade vira tecnologia aplicável, onde o networking acontece olho no olho, sem firulas.
Quem fala por todos?
É curioso como um comentário isolado — “não gostei”, “estava vazio”, “prefiro Barcelona” — rapidamente vira uma sentença coletiva. “Ninguém mais vai”. “Todo mundo está saindo”. Só que o que vi em Frankfurt desmonta parte desses argumentos. A feira está menor? Talvez. Mas também mais focada, mais ágil e muito mais voltada para quem quer conteúdo de verdade.
Claro que há empresas que migraram para a ISE, na Espanha. E há quem enxergue na Messe Frankfurt um legado que precisa ser preservado. Pessoalmente? Acredito que quem deveria estar mais preocupado com esse futuro são as próprias empresas alemãs. Ainda assim, o que se viu este ano foi um ambiente resiliente, com uma Prolight que se reinventa sem perder sua essência.



O que me chamou a atenção
O que diferencia a edição 2025 não é apenas o fato de ser comemorativa, mas o foco em temas relevantes: sustentabilidade, IA e tecnologias conectadas. E isso não ficou só no discurso.
- A área “MusicOneX”, com mais de 3.000 m², foi um mergulho interativo em música, tecnologia e performance. Uma das ativações mais modernas que vi nos últimos anos.
- O Image Creation Hub cresceu, e com ele a seriedade com que se trata vídeo, câmeras PTZ com controle inteligente e fluxo de trabalho em AV.
- A discussão sobre IA — com palestrantes de peso e aplicação prática — mostrou que o setor quer mais do que buzzwords. Quer entender como IA transforma a experiência do público, a narrativa e os bastidores.
- E não posso deixar de citar a Live Sound Arena e o Silent Stage: experiências auditivas reais, com sistemas que não se escondem atrás de renders bonitos.



Marcas que apostaram (e entregaram)
Quem veio entregou conteúdo e inovação de verdade. E algumas marcas, em especial, ajudaram a reafirmar o papel da feira como vitrine do que há de mais relevante:
- A Robe trouxe o impacto visual com a nova LedPOINTE e os projetores T31 Cyc e T31 Slim, além do estroboscópio WTF! — nome ousado para um equipamento que realmente impressiona ao vivo.
- A Claypaky misturou nostalgia e vanguarda com o Tambora Glare e o Volero Twins, além dos robustos Arolla Aqua LT e Wash HC — IP66, prontos para qualquer desafio.
- A Chauvet Professional apareceu com força: Maverick Storm 1 Flex, Rogue Outcast 3X Wash e o STRIKE V mostraram que ainda há espaço para criatividade em iluminação de alta performance.
- No áudio, a D.A.S. Audio revelou sua linha MARA com um design cardioide eficiente, direto ao ponto para quem busca performance com controle.
- A dBTechnologies, com seu IG5TR, trouxe um exemplo de como a engenharia inteligente pode simplificar o dia a dia dos integradores e técnicos.
- E nos efeitos especiais, a DJ Power surpreendeu com o Thanos A-1: um fog gun elétrico, portátil e sustentável, que tem tudo para virar tendência em shows e festivais.
Essas presenças provaram que a feira ainda é, sim, terreno fértil para lançamentos sérios e soluções criativas.



Por que voltar (ou ir pela primeira vez)
A Prolight + Sound não é mais sobre grandiosidade. É sobre relevância. Se você quer ver tendências de verdade, conversar com quem está construindo o futuro — e não apenas vendendo o passado com embalagem nova —, Frankfurt ainda é o lugar.
É natural que a indústria se fragmente, que surjam novas feiras, que outras cidades brilhem. Mas há algo na solidez da Messe Frankfurt, na forma como ela articula conhecimento, produto e conexão, que ainda tem muito a ensinar.
E enquanto houver quem valorize isso, a Prolight + Sound sobreviverá. Com propósito.
Imagem destacada: Claypaky, 12.1 E69 | Messe Frankfurt/Jean-Luc Valentin