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Opinião: Dançando a música ao som da nova valsa

Uma visão do mercado atual pelo guitarrista e violonista Márcio Okayama.

Quem  já  passou  dos  quarenta, e  tem  alma  geek,  vai  se lembrar  da  épica  série da DC Comics “Crise nas Infinitas Terras”; solução editorial para resolver o  “imbroglio”  de  inúmeros universos  paralelos  criados,  que  se tornaram um elefante branco para os editores  e  para  o fluxo de venda das revistinhas. Solução: inventar  um  conflito   para  reduzir  o número de personagens e alinhar os universos.

marcioParece que vivemos um cenário  semelhante à saga citada acima, desde a virada do milênio, e o exponencial aumento no fluxo de informações , o que está gerando um momento ímpar na história da humanidade, onde situações em outras  eras  conflitantes  coexistem ;  além  disso: dependem uma das  outras.

A indústria da música foi uma das primeiras a tomar o soco no estômago ,  advento   destes tempos líquidos, tendo como marco a icônica bravata do Lars Ulrich  (do Metallica) em relação ao Napster  (logo  em  seguida  o  próprio  Metallica  iria  abraçar  com  unhas e dentes o novo modus operandus da indústria).

Em  tempos  em  que   poucas  coisas  são  sólidas,  não   adianta  se  espernear  e  culpar  a conjuntura  econômica  mundial  e  eventuais  vieses;  avalanche  disruptiva   virou  um  moto perpétuo, neste nosso processo sensorial é posto à prova “full time”.

Velha máxima de: Crise= Oportunidade, é vital para posicionamento no mercado, seja em qual esfera: da banda de rock avaliando a sua estratégia de divulgação, grandes marcas que se reinventam   diante   do  novo  cenário,  professores  mudando  suas  plataformas  de  ensino, estúdios e escolas avaliando seus serviços e público alvo.

Uma das   grandes   vantagens   nesta   sociedade   plural ,  na  qual   tendências   e  modos antagônicos coexistem  (a exemplo da história em quadrinhos citada no começo do texto)  é o surgimento de mercados nichados, que contrariam o sistema do maisntream  de   uma  moda anular  a  outra em função do passar de gerações.  ”Mercado nichado”   vai   muito   além   do conceito de público alvo;  exemplificando como os guitarristas virtuoses (shredders) viraram uma força enorme graças à  internet e mídias digitais.

Uma onda que teve seu ápice no final dos anos oitenta e logo foi suplantada pela releitura do rock alternativo nos anos  noventa  e  se  manteve  viva  através  de  ávidos  fãs,  músicos  e estudantes  de  guitarra   roqueiros  e  mostra  fôlego  através  de  uma  legião  de  guitarristas enclausurados   em   seus   home  studios,  que  colocam  abaixo  o  valor  pejorativo    de  ser “guitarristas de quarto”; movimentam um mercado de aulas, cursos online, guitarras, palhetas específicas para “fritadores”, pedais, camisetas, canecas, etc, etc  e tal.

Analisando  as  camadas  do   mercado,  fica  óbvio  que   existe  público para tudo: de jazz cigano, até maracatu eletrônico, metal  gospel até música microtonal…e por tabela, os valores agregados que cada nicho sustenta.

Talvez seja esta uma das infinitas maneiras de lidarmos com a pluralidade destes tempos líquidos caóticos e definitivamente transformadores. Momento único para a espécie  humana!

 

 

 

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