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Feira: Música SC trouxe grandes marcas e show para Florianópolis

Feiras regionais, como a Música SC, rompem fronteiras reescrevendo o cenário musical brasileiro

Floripa é a terra do surf, dos ‘manézinhos’, do Guga, dos bares com música ao vivo, universidades e escolas requisitadas, uma cidade com visual sem igual cercada por 100 praias catalogadas lindíssimas, um lugar dos sonhos. Até o Paulo Ricardo se rendeu aos encantos de Jurerê Internacional na música Sexy. A cidade é um baita lugar mesmo.

Florianópolis é um dos novos destinos anuais das feiras regionais de música, que vem conquistando o Brasil a cada ano e rompendo as fronteiras e barreiras do grandes centros.

No início de agosto Florianópolis sediou a primeira edição da Música SC. Foram três dias de um intensivo universo da música, entre feira de produtos, festival catarinense de música e shows nacionais do mais alto calibre.

Neste conteúdo você vorá o resumo da feira exclusivamente, sem abordar o festival de música e os shows nacionais, pelo simples fato de que a feira exerceu um impacto tamanho em reconstruir o caminho e estar mais perto dos lojistas e consumidores. Mas se você tiver o interesse em conhecer o nível desse evento que já era um sucesso antes mesmo de abrir os portões, deixo aqui o link: https://www.musicacatarinense. com.br/

Feiras regionais alcançam o País

É muito claro o movimento que vêm acontecendo por todo o Brasil através das feiras regionais e que tem conquistado adeptos de todas as camada musicais. E não seria por outra, com as dificuldades de mercado, talvez seja não apenas a solução, mas a coisa certa a se fazer uma vez que todos ganham.

Em meio a névoa que ainda nos rodeia, nós do terceiro mundo, aparentemente longe de enxergarmos algo mais nítido, toda e qualquer distância prejudica o nosso campo de visão, por isso nada melhor do que estar o mais perto possível do público, para garantir que penumbra alguma atrapalhe os olhos de quem quer comprar e vender.

A sensação, de quem esteve na feira, é de que a gana e a sede de sangue é muito menor. Há menos pretenção de parecer ser alguém que não se é. Um glamour muito menor, mais humanidade, mais aconchego e amizade, muito mais calor humano e verdade.

Mas, qual o verdadeiro impacto, onde cada camada musical ganha?

PARA OS MÚSICOS

Passam a ter acesso a experimentação e o tato a marcas mundialmente consagradas, que antes era apenas um sonho distante, passa a se tornar cada vez mais próximo e uma realidade. Nas feiras regionais, muitos músicos e estudantes, tem a possibilidade de conhecer pessoalmente instrumentos tão almejados, ter o primeiro contato e saber escolher com mais precisão o tipo de instrumento que mais se adequa ao seu estilo. Outro fator é a possibilidade de conhecer alguns dos mais bem conceituados músicos brasileiros, vê-los tocar ao vivo e até trocar uma idéia pessoalmente, conhecer de forma mais pessoal aqueles ‘caras’ que até então só se via em revistas ou vídeos.

PARA OS LOJISTAS

Economizam em passagens aéreas, hotéis e traslado para chegar no evento, viabiliza em tempo e dinheiro, e essa economia financeira se converte consequentemente em poder de compra.

PARA OS EXPOSITORES

Ganham vantagem pelo fato de uma feira regional ser uma fração em todos os aspectos se comparado com uma mega feira centralizada, desde o custo do espaço até o investimento no estande, sendo que as feiras regionais exigem investimento e empenho muito inferior no quesito beleza e imponência. Dessa forma, o lojista e o público tem a sensação de estar mais a vontade para conhecer os produtos e gerar mais intimidade com as marcas, em alguns casos podendo conhecer até o dono das empresas sem qualquer formalidade.

PARA O MERCADO

Ganha em todos os sentidos, financeiro, custo baixo, fomento da cultura musical seja nacional ou local, network e um número de vendas por lojas muito superior devido ao custo reduzido, o que pode refletir diretamente no produto em alguns casos.

EM SUMA

O formato talvez ainda não seja perfeito, precisa de melhorias? Em partes… porém, muitas idéias se contrapõem. Enquanto muitos sentem falta do barulho dos músicos nos estantes, outros expositores já preferem justamente esse silêncio, que facilita a comunicação e deixa a feira mais aconchegante e menos tensa. Alguns expositores preferem a feira aberta todos os dias ao público, outros preferem apenas o último dia aberto.

Enquanto pouco se sabe sobre o futuro das feiras regionais, ou qual o melhor formato, o que paira no ar é a sensação de que o futuro está sendo reescrito, e talvez essa seja uma das saídas que venha a somar e a viabilizar vendas, movimentos e menos estagnação do mercado.

Se eu posso expressar a minha opinião pessoal, por mais neutra que possa querer soar, vou ser categórico: as marcas parecem mais céticas do que o próprio mercado e público. Por um lado temos pessoas com uma prontidão incrível em atender quem quer que seja, por outro lado, marcas que parecem fazer um favor em nos revelar instrumentos ícones da história da música.

A arte agora não é mais só dominar a música, mas conquistar as pessoas, e só há uma forma de isso acontecer de verdade, com muito amor, ao produto, ao mercado e aos músicos. Por isso nunca esqueça o que te move: o dinheiro ou a música? pois no final das contas, seja qual for a sua resposta, o caminho é sempre um só, mas a via é de mão dupla.

OS CARAS DO RAMO

Entre empresários, diretores, lojistas e músicos, o momento era de curtição, pouco glamour e muita aproximação, mas sem deixar os propósitos comerciais de lado, cada profissional com seus anseios, expectativas e perspectivas:

Para Jorge Fuhrmann (Pedais Fuhrmann) o mercado brasileiro está em recuperação, mas é necessário arregaçar as mangas e buscar depender menos do governo.

Já para Sydnei Carvalho (NIG Music) como grande incentivador da música, é um prazer estar presente nas feiras do sul para dar continuidade ao que a marca já se propõe, que é promover a cultura musical por todo o Brasil.

Juan Wallace (IK Multimedia) percebe a importância de estar na feira para sacar as demandas e necessidades dos músicos locais, para buscar atender da melhor forma o público da região.

Marcos Brandão (Pride Music) por outro lado, observa que os ícones da música/rock já estão velhos, e falta novos heróis no cenário não apenas local, mas também mundial e que possa ajudar a esquentar as vendas de produtos sonhados e desejados.

feira Musica SC 2017Sandro Haick (Multi-instrumentista) trás consigo a missão da boa música, tirando o foco das pessoas do mercado puramente comercial, buscando concentrar-se no romantismo da música.

Marcinho Eiras (Músico/Guitarrista) já vinha sinalizando a necessidade de trabalhar com mini feiras regionais, afim de possibilitar o aumento da base de fãs e o acesso ao público. Para o músico, descentralizar era uma questão de necessidade não apenas aos lojistas e expositores, como também para os artistas e público local.

Felipe Eubank (Músico/Guitarrista) abriu novos contatos, curtiu rever e fazer novos amigos, além de fazer grandes elogios a organização e fluxo da feira.

Maurício Odery (Odery Drums) assim como René Moura (Royal Music) o custo das feiras regionais otimizam e facilitam negócios, permitindo aos lojistas visitarem a feira com custo reduzido, fazendo com que essa economia se converta em compra de produtos das marcas. Além da facilidade aos lojistas, a facilitação aos expositores, já que para uma feira regional o investimento é muito inferior, oferecendo melhor margem aos produtos.

Lívio Rocha (Habro) busca oferecer a música como solução popular para superar as dificuldades do mercado, não focado apenas ao músico como para toda a família do mesmo, através de produtos que atendam as necessidades familiares.

Leandro Menezes (Loja Cheiro de Música – Niterói/RJ) apesar de não residir no sul, mas possuir lojas no Rio e Niterói, aproveitou a feira para ganhar na compra através dos valores especiais (que normalmente não teria) além de ampliar o seu network e fazer uma tour por Floripa.

E quando se conversa com alguém do calibre desses caras, tem-se a sensação de estar conversando com a memória viva da música no Brasil, e suas percepções sobre o cenário musical é um sopro de nostalgia com um pouco de senso de responsabilidade de futuro. “Os nossos ídolos estão velhos”… em qual lugar eu ouviria um frase tão forte quanto essa? que ressoou como pulmões cansados a espera de oxigênio.

Não consigo imaginar uma feira em que eu poderia ter tido uma conversa tão longa com personalidades como essas, que se dedicam diariamente para trazer as marcas dos sonhos as portas dos músicos brasileiros.

Sim eu sei, se você já é do mercado conhece esses caras, mas daqui de baixo, do ponto de vista do músico do sul, do interior, isso não é recorrente, e quando acontece é um presente. Por isso as feiras regionais estão impactando o Brasil, pois ali, nós músicos, temos a oportunidade de conhecer não apenas produtos, mas quem faz com que eles cheguem até nós.

Ainda é cedo para dizer, mas aparentemente esse novo formato de feiras pode ser um novo fôlego para o mercado musical brasileiro, ao menos para nós, sonhadores…

God Bless… Rock On!

 

 

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