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Análise: Não haverá Expomusic em 2018

Cancelamento da Expomusic durante a realização da feira foi tida como desrespeitosa pelos expositores

Os rumores plantados desde o início da Expomusic 2017  foram oficializados através de um comunicado oficial expedido pela Abemúsica, associação responsável pela feira: não haverá Expomusic em 2018. A informação não causou comoção setorial como era esperado pela entidade, pelo contrário. A maior parte dos expositores que a Música & Mercado conversou mostraram-se insatisfeitos pela comunicação do cancelamento da feira em 2018 durante o período da Expomusic. “Não era o momento para jogar o mercado para baixo”, explicou um expositor.

Empresas como Yamaha, Harman e Equipo optaram por outros eventos e ações fora da Expomusic. Outra grande parte das empresas que não expuseram na Expomusic dividiram seus investimento em ações diretas nos Estados, parte voltada a criação de demanda, parte em ações comerciais. Em 2017, mais de quatro eventos paralelos foram realizados junto com a Expomusic, em anos anteriores este número chegou a nove eventos.

Recentemente um estudo encomendado pela Abemúsica e Francal para analisar a feira mostrou que, para os lojistas, a Expomusic está sendo derrotada para eventos mais intimistas; para o consumidor a Expomusic precisa de uma grande repaginada na comunicação.

Nestes dias de feira, um ator com fantasia de Batman foi visto interagindo com o público, ainda assim não foi o suficiente para recuperar ou comunicar melhor a jovialidade da exposição. Para um famoso empresário do setor que solicitou anonimato: “A organização está envelhecida e não tem credibilidade, o maior interesse virou a bilheteria. Este é o problema e é uma pena”.

Posto as colocações citadas no ofício da Abemúsica, some a reforma do Anhembi. Os custos da locação de outros centros de convenções se tornariam inviáveis para o momento de crise que passa a organização. Relevante mencionar que a mudança do Expo Center Norte para o Centro de Convenções do Anhembi possibilitou à organização da Expomusic a diminuição do preço do metro quadrado para facilitar a compra de espaço de exposição. Esta ação deu a sobrevida nestes dois últimos anos de Expomusic.

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Vendas na feira

Há tempos, a venda para consumidores finais é ponto de discussão entre fornecedores e lojistas na Expomusic. No cenário internacional, é comum observar as empresas menores, em geral fornecedores de acessórios, vendendo. No Brasil, a edição 2017 da Expomusic teve autorizada pela Abemúsica a venda para consumidores finais no final de semana. A demanda vem sendo solicitada pelos consumidores finais há anos e é uma forma de aumentar e garantir o interesse do consumidor final para arrecadação de bilheteria. Para o expositor é uma forma ativa para estudar o comportamento de compra.

Por outro lado, de acordo com comunicado da Abemúsica: “O mercado (…) tem apresentado seguidos movimentos de queda nos últimos 5 anos, impactando negativamente na vida de quase todas as empresas do setor. (…) A Expomusic já vem sendo realizada nos últimos 5 anos em condições muito adversas (…) mas o mercado demandador dos produtos (…) não reage positivamente através de compras em volumes necessários”, dizem trechos do comunicado. A venda de produtos na Expomusic é um ponto sensível e questionado pelos comerciantes que frequentam a Expomusic.

Feiras regionais Abemúsica

Na luta para sair do atoleiro, o conselho de administração da Abemúsica estipulou outras seguintes mudanças para o próximo ano: “realizaremos (…) duas feiras regionais e encontros de negócios, em formatos bem distintos da feira principal, em cidades que informaremos em breve”. A informação causou alvoroço entre os produtores de eventos regionais, muitos conectados às indústrias e importadoras. Lojistas também temem que a Abemúsica traga mais venda direta aos consumidores finais, como está ocorrendo na Expomusic, através das feiras regionais que a entidade pretende fazer.

Acertos

Como mencionado aqui, a programação da Expomusic se aprimorou nos últimos dois anos. Eventos como o Expomusic Talks, Rock Lounge, Musicalização Infantil, The Rock Club, as programações para o público jovem chamaram atenção. Para os lojistas, a  Rodada de Negócios e o controle do volume da feira foram pontos positivos.

E se a Expomusic acabar?

Não deve acabar, mas se reinventar. Música & Mercado acredita que novos formatos de eventos, mais conectados com consumidores e propícios para negócios serão criados com ou sem a marca Expomusic. Deve-se considerar ainda o remanejamento da própria Abemúsica, entidade sócia da Francal, empresa produtora da Expomusic. Apenas como um exemplo, a feira Musikmesse, na Alemanha, renovou todo o seu quadro diretivo após sucessivas derrotas. Assim como o País, a crise institucional deve ser contida para o equilíbrio setorial. É a hora de pensar grande. A racionalidade, pragmatismo e análise profissional do mercado deve estar à frente das bandeiras de entidades ou pessoas. Está em jogo o mercado da música, isto é maior que qualquer discussão.

Por fim, disseram que a Expomusic retornará em 2019, ainda no 1º semestre, se não mudarem as cabeças, provavelmente dirão que este cancelamento da feira é apenas um adiamento como forma de repensar e criar um evento melhor, pelas mesmas pessoas.

Leia o Comunicado

1042-2017- oficio comunicado sobre a Expomusic 5.10

 

 

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